TEM QUE SER LINCOLN OU ROOSEVELT, KENNEDY NÃO BASTA
Por Enéas de Souza
Já queria escrever a mais tempo, mas agora que na semana passada Martin Wolf do Finantial Times colocou o tema, me senti mais motivado a discutir o assunto. Talvez numa outra pauta, não apenas na pauta econômica. Quero colocar a questão do Obama como presidente dos Estados Unidos, como líder da sociedade mundial. Parece que ele ainda não se deu conta do fenômeno. Porque ser presidente da mais poderosa nação do mundo, não é apenas visionar qual o destino dos Estados Unidos, mas ter uma estratégia e um projeto tanto para a ordem política, quanto para a ordem econômica mundial. Nem ele, nem a sua equipe, nem a maioria dos americanos se deram conta que estamos no bojo de uma crise imensa, que conjuga muitas crises.
A mais óbvia, é a econômica. Mas, temos uma crise política, uma crise energética, uma crise tecnológica, uma crise ecológica, uma crise de confiança – que na verdade, é uma crise moral -, mas temos também uma crise do capitalismo e uma crise da cultura. Nosso amigo Freud diria a palavra certa: vivemos um “Mal estar da civilização”. E, é preciso saber, que não estamos numa crise revolucionária, como poderia falar alguém inspirado em Marx. Contudo foi Mészàros quem colocou, outro dia, inquietantemente: o neokeynesianisno e um novo Bretton Woods não vão funcionar, são fantasias. O que significa, se ele estiver certo, uma prolongada crise do capital. Ouvindo todas essas vozes, como Macbeth ouvia as vozes das bruxas no começo da peça que leva seu nome, podemos colocar: a tendência da economia é seguir, se as decisões forem tomadas erradas, no rumo inexorável da recessão.
Diante disso o desafio para Obama não é ser um presidente melhor que Busch. Não é ser um presidente que lembre Kennedy. Não – e ele sabe e não sabe – que, na crise atual, tem que ter o porte de Lincoln ou o porte de Roosevelt. Ou talvez, uma combinação dos dois. Por isso, não concordo muito com o debate proposto por Martin Wolf. O tema verdadeiro para Obama não é apenas a economia, o tema é outro: como liderar a reconstrução da sociedade contemporânea. E o presidente, se quiser ir fundo, se quiser optar por esta proposta, tem que assumir a condução dos acontecimentos, não se deixar cercar pelas finanças, por exemplo. Bush e seus apoiadores legaram um país desabando. É preciso dar, portanto, uma nova figura e uma nova cara aos Estados Unidos.
Será que Obama pode, será que Obama tem essa capacidade? Esta é a pergunta decisiva. Obama foi jogado no meio do inferno, no ventre do tsunami, e lhe disseram: agora, meu caro, resolve. E veja o leitor, como a coisa parece difícil, um pequeno detalhe, mas revela muito: ele nunca teve algum cargo público administrativo. Ou seja, ele vai ter que aprender a governar. E as decisões exigidas são de uma urgência inadiável. E mais, para decidir no dia a dia da Casa Branca, há que ter uma estratégia de longo prazo. E a pergunta vem fácil: será que Obama e seus companheiros têm? E se não tem, há tempo para tal? Mas, estes, agaora, não são tempos normais, “o tempo está fora dos gonzos”, por isso para que a crise possa se solucionar, a questão é hamletiana: ser ou não ser. Ou dito em tempos modernos e esportivos: ganhar ou ganhar. Obama não tem escolha.
Por Enéas de Souza
Já queria escrever a mais tempo, mas agora que na semana passada Martin Wolf do Finantial Times colocou o tema, me senti mais motivado a discutir o assunto. Talvez numa outra pauta, não apenas na pauta econômica. Quero colocar a questão do Obama como presidente dos Estados Unidos, como líder da sociedade mundial. Parece que ele ainda não se deu conta do fenômeno. Porque ser presidente da mais poderosa nação do mundo, não é apenas visionar qual o destino dos Estados Unidos, mas ter uma estratégia e um projeto tanto para a ordem política, quanto para a ordem econômica mundial. Nem ele, nem a sua equipe, nem a maioria dos americanos se deram conta que estamos no bojo de uma crise imensa, que conjuga muitas crises.
A mais óbvia, é a econômica. Mas, temos uma crise política, uma crise energética, uma crise tecnológica, uma crise ecológica, uma crise de confiança – que na verdade, é uma crise moral -, mas temos também uma crise do capitalismo e uma crise da cultura. Nosso amigo Freud diria a palavra certa: vivemos um “Mal estar da civilização”. E, é preciso saber, que não estamos numa crise revolucionária, como poderia falar alguém inspirado em Marx. Contudo foi Mészàros quem colocou, outro dia, inquietantemente: o neokeynesianisno e um novo Bretton Woods não vão funcionar, são fantasias. O que significa, se ele estiver certo, uma prolongada crise do capital. Ouvindo todas essas vozes, como Macbeth ouvia as vozes das bruxas no começo da peça que leva seu nome, podemos colocar: a tendência da economia é seguir, se as decisões forem tomadas erradas, no rumo inexorável da recessão.
Diante disso o desafio para Obama não é ser um presidente melhor que Busch. Não é ser um presidente que lembre Kennedy. Não – e ele sabe e não sabe – que, na crise atual, tem que ter o porte de Lincoln ou o porte de Roosevelt. Ou talvez, uma combinação dos dois. Por isso, não concordo muito com o debate proposto por Martin Wolf. O tema verdadeiro para Obama não é apenas a economia, o tema é outro: como liderar a reconstrução da sociedade contemporânea. E o presidente, se quiser ir fundo, se quiser optar por esta proposta, tem que assumir a condução dos acontecimentos, não se deixar cercar pelas finanças, por exemplo. Bush e seus apoiadores legaram um país desabando. É preciso dar, portanto, uma nova figura e uma nova cara aos Estados Unidos.
Será que Obama pode, será que Obama tem essa capacidade? Esta é a pergunta decisiva. Obama foi jogado no meio do inferno, no ventre do tsunami, e lhe disseram: agora, meu caro, resolve. E veja o leitor, como a coisa parece difícil, um pequeno detalhe, mas revela muito: ele nunca teve algum cargo público administrativo. Ou seja, ele vai ter que aprender a governar. E as decisões exigidas são de uma urgência inadiável. E mais, para decidir no dia a dia da Casa Branca, há que ter uma estratégia de longo prazo. E a pergunta vem fácil: será que Obama e seus companheiros têm? E se não tem, há tempo para tal? Mas, estes, agaora, não são tempos normais, “o tempo está fora dos gonzos”, por isso para que a crise possa se solucionar, a questão é hamletiana: ser ou não ser. Ou dito em tempos modernos e esportivos: ganhar ou ganhar. Obama não tem escolha.
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