sábado, fevereiro 14, 2009

COMO REORGANIZAR O SISTEMA BANCÁRIO BRASILEIRO

Por Enéas de Souza

Um novo projeto de desenvolvimento da economia brasileira deve considerar alguns pontos. Dentre eles a organização do sistema bancário no contexto da crise mundial. De um lado, o Estado pode e vai assumir o papel de financiador da estrutura produtiva, através de dois pólos significativos: o PAC e o BNDES, colocando o investimento no centro da economia. Ou seja, o financiamento de longo prazo parece garantido. Mas, há que construir a economia também para os movimentos de crédito de curta e média duração. Na realidade, a hegemonia financeira armou uma taxa de juros muito elevada, tanto através das definições do COPOM, quanto das operações do setor bancário. Por mais que o Banco Central lubrifique, regue, inunde o mercado com dinheiro, com juros mais baixos, etc. os bancos não passam a liquidez nos seus empréstimos. Então, a estratégia alternativa do governo é clara: usar os bancos estatais ou semi-estatais, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, para emprestar mais barato, encurtando os seus spreads, sem deixar de captar ao nível do mercado, o que seria uma forma de combater o oligopólio bancário. Logo temos aqui mais um ponto fundamental: conduzir os dirigentes do BB e da CEF a uma política agressiva de Estado. Com isso, em épocas de tendências a nacionalização, o Governo buscaria não liquidar os bancos privados (mesmo, porque, parece que os bancos nacionais, ao que tudo indica, estão bem), mas reformular o comportamento deles na atual conjuntura. Em todo caso, com seus instrumentos de política, forçaria o setor privado a uma nova realidade. E qual esta nova realidade? A do fracasso rotundo das finanças na condução da economia de mercado, na economia do capitalismo. E embora os bancos brasileiros particulares possam estar bem no atual estado de coisas, o que acontece é que certamente o comando das finanças internacional vai diminuir o seu braço sobre os diversos países. Dentro desse novo quadro, há algo importante a fazer pelo Brasil: redesenhar o Banco Central e o COPOM, preparando-os para o controle dos juros, o controle do câmbio, e no limite para que o Banco Central e os bancos públicos e ptivados trabalhem, também, para o desenvolvimento da economia brasileira. Como ocorreu no passado, antes da era fernandina (leia-se: era neo-liberal de FHC). Todas estas medidas darão possibilidades – e digo enfaticamente: apenas darão possibilidades – para que se possa fazer a passagem da economia de hegemonia financeira para uma economia produtiva, nas correntezas voluptuosas da crise atual.

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