quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Enfrentar riscos globais sem uma regulação global?

Interessante o artigo sobre os desafios da regulação financeira par o futuro de Issing e Krahnen no FT de hoje.  No entanto, sua solução,  a elaboração de um global risk map, embora necessária, não vai funcionar. A questão é quem regula, o quê e com qual atribuição

Conforme os autores: "Setting up a solid information base capturing global financial exposures is imperative. There is a long list of exposures that are not transparent today, for example the cross-border links between large, complex financial institutions (LCFIs) and the whereabouts of credit default swaps, collateralised debt obligations and other asset-backed securities. Putting together a global “risk map” displaying financial links among LCFIs as well as the most important risk drivers, such as asset price changes and yield spread dynamics, would enable authorities to carry out financial system stress tests."

Quais autoridades? Não fica claro em nenhum momento do artigo. E esse é o ponto crucial. A crise demonstrou uma falência regulatória que tem origem não apenas  ideológica, que parece estar sendo superada,  mas tambémde competência institucional. Vamos ter um governo mundial? No sistema capitalista, não! Isso é impossível, o capitalismo e os Estados Nacionais são inseparáveis. Os autores dizem ao longo do artigo que a dificuldade reside no fato de que os governos nacionais não querem expor suas instituições fianceiras ao risco de uma transparência que possa lehs difcultar na arena da competição internacional. Ao que tudo indica, haverá um insulamento, uma desglobalização, dadas as necessidades e a competição dos diversos capitais nacionais. Mas o caminhão está andando, as abóboras ainda estão sacudindo, não cabe empilhá-las ordenadamente no momento.

Ou seja, ao mesmo tempo em que o artigo coloca corretamente a necessidade de uma base de dados global envolvendo a mais ampla gama de instituições (o shadow banking system) e de instrumentos financeiros possíveis (derivativos e títulos estruturados complexos), produzida por organismos supra-nacionais, a supervisão e o controle continuariam no âmbito nacional. Os dados deveriam estar disponíveis de "modo agregado", permitindo o estabelecimento de um level playing field internacional aberto à competição. "Mais do mesmo", outra vez.  Mehor, mas claramente insuficiente e, provavelmente, impossível. Embora seja um passo na direção correta (hoje, em nome da transparência, a opacidade quanto aos riscos "cruzados" é total), os autores partem da premissa de que o mundo financeiro voltará a ser o que era ao final da crise. E eles estão errados a esse respeito. Mas, o reconhecimento de que nada foi feito (e, no meu entender, não será feito enquanto não houver um vislumbre de solução para o sistema financeiro dos EUA) e de que, "se tudo por mágica voltasee atrás, poderia ocorrer outra vez" é absolutamente verdadeiro. 

Bela tentativa, mas os autores estão falando de um mundo que não existirá mais.

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