O "mercado" aplaudiu efusivamente o Plano Geithner lançado hoje. Diversos grandes "investidores" privados como Blackrock, Carlyle e Pimco anunciaram a intenção de comprarem ativos podres em poder dos bancos em "parceria" com o FDIC e o Tesouro (uma parceria na qual o poder público fica responsável por 97% do valor dos ativos adquiridos...) .
Com a perspectiva de melhora do balanço dos bancos, as ações explodiram hoje em todo o mundo. Ainda é necessário mais detalhes quanto ao funcionamento efetivo dos fundos criados pelas parcerias público-privadas para podermos avaliar a extensão temporal dessa euforia. Cabe notar, entretanto, que vários problemas devem se interpor para que esse plano possa ser considerado como a "solução" para a crise financeira e sua extensão econômica (o próprio presidente Obama declarou que "o objetivo do plano é desbloquear o crédito"):
1) não fica claro se essa solução de "mercado" a partir de leilões de ativos tóxicos será suficiente para livrar os bancos de seus problemas, uma vez que os preços dos ativo serão a chave da questão;
2) a deterioração econômica encontra-se em pleno curso, o que faz com que as perspectivas para o preço de diversos ativos possa ser influenciada negativamente (refiro-me aqui à deterioração dos títulos baseados em hipotecas comerciais, cartões de crédito e, especialmente, oas créditos corporativos);
3) nessa conjuntura depressiva, será que o refinanciamento das dívidas passadas permitirá o relançamento da securitização de dívidas em escala necessária para "desbloquear" o crédito, como quer Obama?;
4) a incorporação de fundos hedge e de private equity ao esquema de salvamento dos bancos comerciais impõe novas dificuldades á regulação do shadow banking system, essencial para evitar novas catástrofes financeiras;
5) ainda não está clara a a forma (e o interesse) de impedir a criação de "fundos fantasma" patrocinados pelos bancos para jogarem o valor dos ativos para cima, o que retiraria os efetivos participantes do mercado;
6) os consumidores e empresas nos EUA estão, em larga medida, à beira da bancarrota dado seu excessivo endividamento e a dificuldade em refinanciar sua dívidas, podendo-se esperar lucros em queda ou negativos para 2009;
7) o mercado de CDS continua sendo uma bomba-relógio (ainda mais dado o exposto em 6) ainda não tocada pelo governo. Qualquer "deslocamento" aí pode representar um 'evento" com repercussão sistêmica.
Estaremos acompanhando esses elementos e os novos passos dos governos no sentido de uma maior regulação dos mercados financeiros, especialmento no âmbito do G20. Hoje, um interessante gráfico no site do Financial Times dá conta de que as três maiores instituições financeiras bancárias do mundo são chinesas e, dentre as 20 maiores, duas são brasileiras...
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