Coluna das quintas
23 de abril de 2009
PERGUNTAS PARA A CRISE
(Ou questões candentes da economia)
Por Enéas de Souza
Quando se olha à economia e se quer fazer um estudo amplo, é preciso saber – como diz o meu colega Pedro Almeida - fazer perguntas. E perguntas certas. Já que uma boa pergunta pode encaminhar bem o labirinto da solução dos problemas. E, no fim do percurso, se as questões forem válidas, sairmos com boas respostas e uma trajetória concreta e viável. Um velho professor de filosofia, o professor Armando Câmara, tão conservador, mas tão percuciente, dizia como Lênin: “Nada tão prático quanto uma boa teoria”. No tema aqui proposto, a substituição é direta: nada tão prático quanto um boa pergunta. E o que pretendemos fazer é modesto, é tentar fazer questões, se possível boas, para que elas nos permitam perceber, prever e quem sabe atravessar, como um fio condutor, os diversos prazos da economia e da história. Dito em linguagem econômica: o curto, o médio e o longo prazo. Mas, também, nos deslocando na profundidade, penetrarmos no que Braudel chamava e José Luis Fiori re-propõe, o árduo caminho da “longa duração”. Teremos assim uma imagem, um teatro, talvez um cinema ou, mais fragilmente, uma noção das dificuldades que abraçam a economia e a sociedade ocidental. Naturalmente que a nossa interrogação sobre a crise parte dos Estados Unidos, que teve neste último ciclo, a vocação e a ambição do sol. E o foi, não resta dúvida. Só que o virou pelo avesso; e de sol amarelo, sol vermelho transformou-se num sol negro. E deu aos seus cantores um ar melancólico, cuja origem veio da extensão do desastre cíclico. E estas perguntas colocam, no geral, uma disjuntiva, uma oposição irreversível na realidade atual, que é a seguinte: ou estamos diante do Minotauro sem nenhuma esperança de escape ou então temos que achar o fio de Ariadne e com ele encontrar a saída do embrulho, a saída da crise. Bom momento, astuto leitor, de saber as tuas perguntas e as tuas respostas, porque nós só começamos a fazer as primeiras, as segundas estão contigo e com todos nós.
Perguntas sobre o curto prazo
1) Qual é a lógica do declínio cíclico? Já chegamos ao seu fim? Estamos em que ponto deste declínio? Quanto mais temos que cair, que despencar? Os Hedge Funds, os Fundos de Pensões serão definitivamente abalados? E o que mais?
2) Com a intervenção do Estado, que lógica está ocorrendo? Qual o nível de conflitos que estas ações estão atingindo? Como elas estão sendo vistas e quais as reações que provocam aos diversos setores como o financeiro, o produtivo, o dos trabalhadores, etc.?
3) A nacionalização dos bancos será inevitável? Ou teremos uma longa etapa das finanças zumbis? Há uma terceira solução?
4) No caso da manutenção das finanças zumbis, haveria ou não haveria mudanças institucionais? Quais seriam elas? Haveria mudança do comportamento do Banco Central? Seria possível alguma regulação? Como se daria o entrelaçamento das finanças zumbis americanas com o resto da economia mundial?
5) Qual a função do sistema financeiro numa nova economia americana? Em caso de nacionalização do sistema bancário, qual seria a arquitetura do sistema financeiro que estaria adequada a esta economia americana?
6) Seria possível retornar à dominância financeira com o mesmo tipo de alavancagem, de criação ilimitada de produtos financeiros? Não é o desejo das próprias finanças? E não é por isso que elas se constituem um obstáculo formidável aos encaminhamentos da resolução da crise?
Perguntas sobre o longo prazo
1) Qual será o papel do Estado? Obama tem um projeto econômico produtivo de longo prazo como prioritário. Então, qual será o timing para a sua construção, dado o evidente poder das finanças?
2) Como será a condução do plano de longo prazo de Obama? Ou seja, como será a composição política que terá que fazer para liderar as forças indispensáveis para a sua realização? Como sabemos, o presidente americano destacou energia, novas tecnologias, educação, etc. como elementos fundamentais de um novo patamar de acumulação. O centro desta combinação política será a união da produção e do trabalho? Será possível?
3) Qual será o papel (econômico, político, ideológico, etc.) da energia e do meio ambiente neste projeto?
4) Como conseqüência da reorganização da economia americana qual será a nova organização da Divisão Internacional do Trabalho? Qual será o lugar da China? Quais serão os da Índia, do Brasil, da Rússia? Qual o papel das regiões? Haverá necessidade de novas instituições para-estatais, além da reformulação das atuais como o FMI, o Banco Mundial, etc. No plano geopolítico, qual o papel da ONU e do Conselho de Segurança? Aqui também vale a pergunta: haverá necessidade de outras instituições além destas?
Perguntas sobre a articulação do CP e do LP
Como vemos temos então perguntas – muitas outras podem ser feitas - sobre o curto e o longo prazo. Mas, se temos questões candentes no tempo presente e temos pontos esboçados para serem atingido no longo alcance, é preciso compreender que entre um e outro há uma trajetória a ser construída. Então, poderíamos dizer que são perguntas de médio prazo. Perguntas que podem ligar a intenção de resolver problemas que estão acontecendo neste momento com a estratégia que mira e vislumbra o longo termo. São perguntas que estão nos elos intermediários da trajetória proposta.
1) Como o governo Obama vai encaminhar a questão bancária? Esta é uma questão de curto, médio e longo prazo, pois terá que resolver questões imediatas, como a vasta resistência das finanças; questões de média consideração porque os bancos são instituições que terão de sobreviver; e questões de amplitude vasta porque estas entidades terão que ser compostas e ser funcionais em relação ao projeto de longo prazo, ou seja, ao novo padrão de acumulação.
2) Qual será a estratégia e a dinâmica do déficit público?
3) Qual será a estratégia do comércio externo, dada a declaração de que a economia americana deverá ser novamente mais exportadora do que importadora? Qual será a reação do resto do mundo? Qual é o tempo desta possível transformação?
4) Como conciliar a estratégia dos déficits públicos e da retomada das exportações com a questão da moeda?
5) Qual é o futuro de uma proposta de substituição do dólar como reserva de valor por uma outra moeda, em particular pela proposta dos chineses de utilização do Direito Especial de Saque (DES)?
6) Vai haver uma retração do comércio internacional e uma fragmentação da moeda mundial em várias moedas regionais: dólar, euro, rublo, yuan, por exemplo? O dólar será medida de valor, mas não reserva de valor nem meio de circulação?
7) Como serão os passos de articulação do curto, médio e longo prazo?
Perguntas sobre a longa duração
Se José Luis Fiori tem razão quando trata do modo como o capitalismo tem que ser pensado na longa duração, após a corrida imperialista da atual pressão competitiva, vamos entrar numa expansão explosiva. Então, algumas perguntas podem ser feitas.
1) O triunfo do poder americano, mesmo com uma mudança na sua posição unilateral, imperial, como ocorreu no último período, vai organizar que nova ordem geopolítica? E em que direção?
2) A estratégia de longa duração de manutenção do poder americano conseguirá impedir disputas e questionamentos da sua liderança? E não provocará nenhum movimento de transformação do sistema capitalista? Haverá uma nova utopia? Uma nova ideologia dos oprimidos? Uma busca incessaante de novas condições de igualdade?
3) A guerra como elemento estruturador do sistema político funcionará todo o tempo como uma espada sobre a cabeça dos atores na constituição de uma nova ordem geopolítica ou será constantemente usada apenas para resolver questões localizadas e nunca de longo prazo?
5) A paz, tendo como garantia a possibilidade da guerra, funcionará como um novo ordenador político?
6) A democracia sobreviverá? O fortalecimento do Estado não trará o funcionamento de governos despóticos, ditatoriais, etc.?
7) Alguém poderá prever um roteiro de tensões dos próximos anos? A civilização encontrará outra fase de expansão? E uma pergunta mais dramática: haverá ainda civilização?
Exercício do futuro
Estas perguntas fazem parte de uma química social e histórica que está se desdobrando no momento. Na verdade, existe um forte desejo do capital retomar o seu processo de valorização, só que a contradição entre as órbitas da produção e das finanças, do capital e da sociedade, terá que ser resolvida politicamente. É olhando para esta dura situação que nós fizemos as perguntas, pois independente de estarem contempladas todas as mais importantes – isto é impossível pelas limitações das observações e das análises e do observador –, o que importa é balizar, por intermédio de indagações, possíveis trajetórias, algumas soluções e diversas escolhas. E igualmente perceber que as perguntas também andam. Hoje são estas; amanhã, algumas deixarão a cena; e mais tarde, outras, terceiras, estrearão no questionário que se move.
É preciso marcar com essas perguntas a imensa incerteza que mergulha atualmente o nosso mundo, desde que olhado sem a ilusão fantasiosa da mídia sem escrúpulos. A tarefa americana vai ser como definir o curto prazo e manobrar as dificuldades do médio, inclusive encarando uma ameaça que já se insinuou: a possibilidade de fratura do dólar como moeda mundial, moeda de reserva do comércio planetário. Para o longo prazo, Obama tem estratégia. Tem sim. Mas, os Estados Unidos terão que construir os meios para lá chegar. A economia em desagregação se resolve pela política, mas nunca sem causar percalços extensos no campo social. Haverá luta, brotarão conflitos, se erguerão desavenças. E o que a política precisa fazer é soldar todos os tempos possíveis, abrindo, desenhando, desbastando um itinerário que vá do presente ao longo futuro. Todos os rostos e os atos dos outros países estarão na arena e vão tentar constituir uma nova hierarquia de forças na economia e da política mundial. O poder continuará americano? É neste caldeirão que Obama vai tentar colher os seus frutos e calçar as sandálias do pescador, para fisgar as perguntas certas e desamarrar soluções para um novo mundo.
23 de abril de 2009
PERGUNTAS PARA A CRISE
(Ou questões candentes da economia)
Por Enéas de Souza
Quando se olha à economia e se quer fazer um estudo amplo, é preciso saber – como diz o meu colega Pedro Almeida - fazer perguntas. E perguntas certas. Já que uma boa pergunta pode encaminhar bem o labirinto da solução dos problemas. E, no fim do percurso, se as questões forem válidas, sairmos com boas respostas e uma trajetória concreta e viável. Um velho professor de filosofia, o professor Armando Câmara, tão conservador, mas tão percuciente, dizia como Lênin: “Nada tão prático quanto uma boa teoria”. No tema aqui proposto, a substituição é direta: nada tão prático quanto um boa pergunta. E o que pretendemos fazer é modesto, é tentar fazer questões, se possível boas, para que elas nos permitam perceber, prever e quem sabe atravessar, como um fio condutor, os diversos prazos da economia e da história. Dito em linguagem econômica: o curto, o médio e o longo prazo. Mas, também, nos deslocando na profundidade, penetrarmos no que Braudel chamava e José Luis Fiori re-propõe, o árduo caminho da “longa duração”. Teremos assim uma imagem, um teatro, talvez um cinema ou, mais fragilmente, uma noção das dificuldades que abraçam a economia e a sociedade ocidental. Naturalmente que a nossa interrogação sobre a crise parte dos Estados Unidos, que teve neste último ciclo, a vocação e a ambição do sol. E o foi, não resta dúvida. Só que o virou pelo avesso; e de sol amarelo, sol vermelho transformou-se num sol negro. E deu aos seus cantores um ar melancólico, cuja origem veio da extensão do desastre cíclico. E estas perguntas colocam, no geral, uma disjuntiva, uma oposição irreversível na realidade atual, que é a seguinte: ou estamos diante do Minotauro sem nenhuma esperança de escape ou então temos que achar o fio de Ariadne e com ele encontrar a saída do embrulho, a saída da crise. Bom momento, astuto leitor, de saber as tuas perguntas e as tuas respostas, porque nós só começamos a fazer as primeiras, as segundas estão contigo e com todos nós.
Perguntas sobre o curto prazo
1) Qual é a lógica do declínio cíclico? Já chegamos ao seu fim? Estamos em que ponto deste declínio? Quanto mais temos que cair, que despencar? Os Hedge Funds, os Fundos de Pensões serão definitivamente abalados? E o que mais?
2) Com a intervenção do Estado, que lógica está ocorrendo? Qual o nível de conflitos que estas ações estão atingindo? Como elas estão sendo vistas e quais as reações que provocam aos diversos setores como o financeiro, o produtivo, o dos trabalhadores, etc.?
3) A nacionalização dos bancos será inevitável? Ou teremos uma longa etapa das finanças zumbis? Há uma terceira solução?
4) No caso da manutenção das finanças zumbis, haveria ou não haveria mudanças institucionais? Quais seriam elas? Haveria mudança do comportamento do Banco Central? Seria possível alguma regulação? Como se daria o entrelaçamento das finanças zumbis americanas com o resto da economia mundial?
5) Qual a função do sistema financeiro numa nova economia americana? Em caso de nacionalização do sistema bancário, qual seria a arquitetura do sistema financeiro que estaria adequada a esta economia americana?
6) Seria possível retornar à dominância financeira com o mesmo tipo de alavancagem, de criação ilimitada de produtos financeiros? Não é o desejo das próprias finanças? E não é por isso que elas se constituem um obstáculo formidável aos encaminhamentos da resolução da crise?
Perguntas sobre o longo prazo
1) Qual será o papel do Estado? Obama tem um projeto econômico produtivo de longo prazo como prioritário. Então, qual será o timing para a sua construção, dado o evidente poder das finanças?
2) Como será a condução do plano de longo prazo de Obama? Ou seja, como será a composição política que terá que fazer para liderar as forças indispensáveis para a sua realização? Como sabemos, o presidente americano destacou energia, novas tecnologias, educação, etc. como elementos fundamentais de um novo patamar de acumulação. O centro desta combinação política será a união da produção e do trabalho? Será possível?
3) Qual será o papel (econômico, político, ideológico, etc.) da energia e do meio ambiente neste projeto?
4) Como conseqüência da reorganização da economia americana qual será a nova organização da Divisão Internacional do Trabalho? Qual será o lugar da China? Quais serão os da Índia, do Brasil, da Rússia? Qual o papel das regiões? Haverá necessidade de novas instituições para-estatais, além da reformulação das atuais como o FMI, o Banco Mundial, etc. No plano geopolítico, qual o papel da ONU e do Conselho de Segurança? Aqui também vale a pergunta: haverá necessidade de outras instituições além destas?
Perguntas sobre a articulação do CP e do LP
Como vemos temos então perguntas – muitas outras podem ser feitas - sobre o curto e o longo prazo. Mas, se temos questões candentes no tempo presente e temos pontos esboçados para serem atingido no longo alcance, é preciso compreender que entre um e outro há uma trajetória a ser construída. Então, poderíamos dizer que são perguntas de médio prazo. Perguntas que podem ligar a intenção de resolver problemas que estão acontecendo neste momento com a estratégia que mira e vislumbra o longo termo. São perguntas que estão nos elos intermediários da trajetória proposta.
1) Como o governo Obama vai encaminhar a questão bancária? Esta é uma questão de curto, médio e longo prazo, pois terá que resolver questões imediatas, como a vasta resistência das finanças; questões de média consideração porque os bancos são instituições que terão de sobreviver; e questões de amplitude vasta porque estas entidades terão que ser compostas e ser funcionais em relação ao projeto de longo prazo, ou seja, ao novo padrão de acumulação.
2) Qual será a estratégia e a dinâmica do déficit público?
3) Qual será a estratégia do comércio externo, dada a declaração de que a economia americana deverá ser novamente mais exportadora do que importadora? Qual será a reação do resto do mundo? Qual é o tempo desta possível transformação?
4) Como conciliar a estratégia dos déficits públicos e da retomada das exportações com a questão da moeda?
5) Qual é o futuro de uma proposta de substituição do dólar como reserva de valor por uma outra moeda, em particular pela proposta dos chineses de utilização do Direito Especial de Saque (DES)?
6) Vai haver uma retração do comércio internacional e uma fragmentação da moeda mundial em várias moedas regionais: dólar, euro, rublo, yuan, por exemplo? O dólar será medida de valor, mas não reserva de valor nem meio de circulação?
7) Como serão os passos de articulação do curto, médio e longo prazo?
Perguntas sobre a longa duração
Se José Luis Fiori tem razão quando trata do modo como o capitalismo tem que ser pensado na longa duração, após a corrida imperialista da atual pressão competitiva, vamos entrar numa expansão explosiva. Então, algumas perguntas podem ser feitas.
1) O triunfo do poder americano, mesmo com uma mudança na sua posição unilateral, imperial, como ocorreu no último período, vai organizar que nova ordem geopolítica? E em que direção?
2) A estratégia de longa duração de manutenção do poder americano conseguirá impedir disputas e questionamentos da sua liderança? E não provocará nenhum movimento de transformação do sistema capitalista? Haverá uma nova utopia? Uma nova ideologia dos oprimidos? Uma busca incessaante de novas condições de igualdade?
3) A guerra como elemento estruturador do sistema político funcionará todo o tempo como uma espada sobre a cabeça dos atores na constituição de uma nova ordem geopolítica ou será constantemente usada apenas para resolver questões localizadas e nunca de longo prazo?
5) A paz, tendo como garantia a possibilidade da guerra, funcionará como um novo ordenador político?
6) A democracia sobreviverá? O fortalecimento do Estado não trará o funcionamento de governos despóticos, ditatoriais, etc.?
7) Alguém poderá prever um roteiro de tensões dos próximos anos? A civilização encontrará outra fase de expansão? E uma pergunta mais dramática: haverá ainda civilização?
Exercício do futuro
Estas perguntas fazem parte de uma química social e histórica que está se desdobrando no momento. Na verdade, existe um forte desejo do capital retomar o seu processo de valorização, só que a contradição entre as órbitas da produção e das finanças, do capital e da sociedade, terá que ser resolvida politicamente. É olhando para esta dura situação que nós fizemos as perguntas, pois independente de estarem contempladas todas as mais importantes – isto é impossível pelas limitações das observações e das análises e do observador –, o que importa é balizar, por intermédio de indagações, possíveis trajetórias, algumas soluções e diversas escolhas. E igualmente perceber que as perguntas também andam. Hoje são estas; amanhã, algumas deixarão a cena; e mais tarde, outras, terceiras, estrearão no questionário que se move.
É preciso marcar com essas perguntas a imensa incerteza que mergulha atualmente o nosso mundo, desde que olhado sem a ilusão fantasiosa da mídia sem escrúpulos. A tarefa americana vai ser como definir o curto prazo e manobrar as dificuldades do médio, inclusive encarando uma ameaça que já se insinuou: a possibilidade de fratura do dólar como moeda mundial, moeda de reserva do comércio planetário. Para o longo prazo, Obama tem estratégia. Tem sim. Mas, os Estados Unidos terão que construir os meios para lá chegar. A economia em desagregação se resolve pela política, mas nunca sem causar percalços extensos no campo social. Haverá luta, brotarão conflitos, se erguerão desavenças. E o que a política precisa fazer é soldar todos os tempos possíveis, abrindo, desenhando, desbastando um itinerário que vá do presente ao longo futuro. Todos os rostos e os atos dos outros países estarão na arena e vão tentar constituir uma nova hierarquia de forças na economia e da política mundial. O poder continuará americano? É neste caldeirão que Obama vai tentar colher os seus frutos e calçar as sandálias do pescador, para fisgar as perguntas certas e desamarrar soluções para um novo mundo.
Um comentário:
Quero cumprimentar o Enéas pela análise, que procura cavar mais fundo, no sentido de tentar entender o significado da atual crise, os obstáculos e possibilidades de sua resolução, as novas feições da geopolítica mundial e o novo papel dos Estados Unidos com o governo Obama. É verdade que não há respostas, mas valem as boas perguntas!
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