O principal dispositivo europeu para combater à crise do sistema financeiro é o European Financial Stability Fund. Criado durante a crise grega, trata-se de um fundo sediado em Luxemburgo para servir de emprestador em última instância aos países em dificuldades. Em realidade,o EFSF lastreia emissões de dívida no mercado a partir de um colchão de capital providenciado pelos membros da Zona do Euro.
Satyajit Das mostra que esse mecanismo tende a se tornar um meio de contágio entre os países em dificuldades e os países em situação "normal". Na medida em que a Irlanda, por exemplo, venha a utilizar recursos do fundo, mais aportes serão exigidos dos demais países para que o EFSF possa preservar sua capacidade de captação no mercado a juros relativamente reduzidos. Ora, supondo-se que países como Portugal e Espanha também venham a se utilizar dos recursos do fundo, maior será a contribuição dos demais países. Ou seja, as contas públicas alemãs (por exemplo) tendem a se deteriorar pelos aportes que o país terá que fazer ao EFSF, na tentativa de mantê-lo operacional. Isso somente pode ocorrer se os países em boas condições tiverem a possibilidade de levar seu endividamento no mercado, o que mostra bem como existe a possibilidade de contágio das dívidas dos países problemáticos sobre as dívidas dos países em relativamente boa situação.
Isso mostra também como as opções de transferência das dívidas de um lado para outro - do setor financeiro ao setor público; dos países mais débeis aos países mais fortes - estão se esgotando. Está chegando a hora (provavelmente em 2011) dos credores admitirem triste realidade: fizeram maus negócios e terão prejuízos. A possibilidade da ilusão está se esgotando.
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