Retomada econômica não ocorrerá calcada na "ordem antiga"; novo sistema será movido a "conhecimento" com foco em recursos humanos
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O mundo atual não é "plano", como insiste a imagem de uma era digital que supostamente aboliu as fronteiras geográficas da economia.
Para o urbanista Richard Florida, o cenário moderno é mais irregular: cheio de "pontas", que concentram a atividade econômica e criativa, e "vales", cuja desigualdade traz ameaças à ordem política global como não se via há mais de um século.
Sem reconhecer essa realidade -e seus perigos-, o planeta vem seguindo um caminho para sair da crise que, para ele, é totalmente errado.
"Há um conceito introjetado de que é preciso ressuscitar a ordem antiga e uma resistência em admitir que essa crise representa seu colapso e o nascimento de um novo capitalismo criativo, movido a conhecimento, que vai exigir novas formas de crescimento e novas instituições sociais e econômicas", diz.
Bom, parece que aos poucos algumas "realidades" há muito preconizadas no EconoBrasil estão se tornando evidentes e começam a ganhar espaço na "grande mídia", como mostra essa matéria da FSP de hoje. Há uma enorme crise do capitalismo mundial e da civilização e isso começa a ser reconhecido. Um "mundo capitalista plano" nunca passou de um utopia em uma cabeça rasa. Claro que essa conversa de "capitalismo movido a conhecimento" é outra grande balela, como se a mudança tecnológica não estivesse desde SEMPRE no centro da acumulação capitalista, mas, traduzindo o que ele quer dizer sem o ranço ideológico-propagandístico, vai haver uma modificação que colocará no centro da ação organizada do Estado capitalista as empresas ligadas às novas tecnologias de informação e de comunicação, que "eles" interpretam como sendo, por si só, intensivas em conhecimento. E é essa a tese que permeia o artigo sobre as "hipóteses de futuro" escrito pelo Enéas... quanto tempo vai levar para que essa realidade se estabeleça? Depende do tempo que vai levar para que o Estado, especialmente nos EUA, deixe de alocar a imensa maior parte dos recursos da sociedade na preservação dos interesses econômicos de um sistema financeiro falido. A nova rodem capitalista será "melhor" para a maior parte da população do que a velha ordem neoliberal-financeirizada? Não necessariamente, depende em muito da forma como se dará seu nascimento. Mas, essa nova ordem será CAPITALISTA, ou seja, não dá para colocar muita fé em seus traços de justiça social...
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