O Enéas tem colocado com rara perspicácia os dilemas que a atual situação impõe ao capitalismo e a própria humanidade. A "crise da civilização" é tão ampla que ninguém se impressiona com especulações como " a atual gripe pode ser fruto de uma jogada de um laboratório para aumentar as vendas de um anti-viral", por exemplo. Ou que a Goldman Sachs tenha comprado seguro contra papéis que repassava aos clientes como sem risco, em outro exemplo.
Ou que os balanços dos bancos sejam puras peças de ficção, em outro. Se for lucrativa, a mentira está justificada, essa é a tautologia contemporânea... Mas, aos poucos, ao menos no caso do sistema bancário norte-americano, a realidade começa a se impor. A notícia que a Bloomberg divulga hoje somente pode impactar os mais incautos, que imaginavam que a situação financeira daquelas instituições se resolveria com aportes de liquidez e algum (pouco) capital, desprezando o que significa uma crise de insolvência como se apresenta nas proporções estadunidenses. A matéria aponta que dos cerca de 7.000 bancos norte-americanos, ao menos 150 estão tecnicamente insolventes (com créditos incobráveis superiores a 5% dos ativos), ao mesmo tempo em que 1.000 apresentam situação problemática. essa é a ponta do iceberg. Evidentemente, tratam-se de instituições de porte regional ou comunitário em sua imensa maioria, atingidas nesse momento, pelos vetores destrutivos da inadimplência no setor dos imóveis comerciais e pelas dificuldades de pagamento dos consumidores e das empresas. Esses bancos, com sua capilaridade, irrigam os negócios locais por todos os Estados Unidos, o que pode ajudar a antever as consequências da bancarrota dessas instituições. Tudo como previsto ainda em fevereiro neste blog, embora o reconhecimento dessa situação tenha sido abafado pela onda orquestrada de "boas notícias" lançada pelos setor financeiro (e seu braço midiático) a partir de março..
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