CRISE FINANCEIRA MUNDIAL
05 de agosto de 2010
COLUNA DAS QUINTAS
NO
TABULEIRO
DA
CRISE
Por Enéas de Souza
A CÓCEGA DA RECUPERAÇÃO
Está interessante o quadro do momento. A imprensa tonitroante não está alardeando a recuperação inevitável e saltitante da economia contemporânea. Existe gente – e muitos economistas bons - pensando que as coisas vão ficar longo tempo neste chove pouco e longa parada da molhação. Porque, nada na economia está decidido. Vivemos um tempo de transição. As finanças continuam enganando que estão bem, com abundantes ativos tóxicos na sua contabilidade enganadora. Porém com dinheiro em caixa, um dinheiro recuperado para investir. E o que elas buscam? Tentam outros mercados que não o americano, sondando um tanto na Ásia, voando outro tanto por aqui - a Bolsa brasileira está retornado, crescendo. Mas, a verdade é que se há dinheiro para aplicações, as inovações estão paradas, os mercados não estão dando grandes respostas, salvo é claro os emergentes. Ou seja, temos uma economia financeira no primeiro mundo sem o brilho dos áureos tempos, estamos num tempo de transição. O dinheiro está farejando, como se vê, HongKong, Brasil – e por aí. Só que nada deslancha, nada mantém muito o vigor. A verdade é que não houve uma reorganização da órbita financeira que permita o aumento vertiginoso da especulação e retome o ambiente de euforia. Porque área financeira é dinheiro em ebulição, mas sem área de pouco resultado. Estamos, olhando bem, num ambiente de funeral, salvo nos emergentes, onde a brisa do movimento dos capitais chega a dar algum alento, mas é tiro curto. A pergunta é quase desmoralizante: quanto tempo vai durar essa cócega de recuperação que é o prenuncio da morte dos cemitérios?
A BP É BOMBA RELOGIO
Quanto mais se olha a situação da British Petroleum, mais a gente percebe um caso grave, um desastre do ponto de vista social, empresarial, político e, obviamente ecológico. Esta fulgurante empresa é bem o sinônimo e o exemplo de uma corporação numa sociedade dominada pelas finanças. Pois vejam como é o caso da BP no capitalismo financeiro. Em primeiro lugar, como empresa produtiva ela é um desastre, porque embora produtiva a sua valorização se dá no mercado financeiro. E as suas ações, devido aos problemas no Golfo do México, chegaram a baixar 40%, o que torna esta entidade produtiva frágil e vulnerável. Ou seja, ela pode ser comprada a qualquer momento numa oferta hostil. Só que para se defender, a BP entrou em contato com empresas financeiras, como a Goldman Sachs para desenharem planos de proteção. Ora, a Goldman Sachs não para de estar nas bocas. E a olhar pelo que aconteceu na Grécia, a BP não parece estar em boa companhia.
Neste sentido, a BP vem maculando, diariamente e a meses, a sua imagem, o que reforça a sua vulnerabilidade. Ficar desde 20 de abril com um vazamento de petróleo nos Estados Unidos e afetando fortemente 4 estados americanos, não é para qualquer firma. Embora ela tenha reservado 20 bilhões de dólares para atender aos danos que provocou, há cálculos que chegam a mais de 60 bilhões de multas e indenizações os seus futuros prejuízos. Claro, não imediatamente, mas como efeito dos múltiplos processos que vão lhe afetar, de agora até aos próximos meses. A única vantagem deste desastre é dar oportunidade para Obama relançar o tema da pesquisa energética e da defesa do meio ambiente, apesar de Cameron, o primeiro-ministro britânico, insistir que não se deve demonizar a British Petroleum. A conclusão é só um: conservador tem cara de pau, não tem? E por isso as propostas energéticas e ambientais de Obama vão encontrar um incremento econômico e político como até o momento não tiveram.
Hoje uma empresa produtiva funciona como uma corporação financeira. E a British Petroleum, quem a conhece, alerta para a sua contabilidade, onde dizem existir um festival de ativos podres. O que se de fato ocorrer pode causar não só complicações para a sua estrutura empresarial, como também, por extensão, para o mercado financeiro e para a Inglaterra, sobretudo fundo de pensões. Portanto, fiquemos de olho neste exemplo magistral do capitalismo presente, já que de bancarrota ele igualmente vive.
O mercado financeiro e a questão energética, por mais que evitem, acabam por requerer uma ação vigorosa do Estado, seja no sentido de dar uma função nova para as finanças, seja em planejar a transformação da matriz energética em pauta. O mundo está à espera desta metamorfose. Vai levar tempo, mas vai chegar.
Por Enéas de Souza
A CÓCEGA DA RECUPERAÇÃO
Está interessante o quadro do momento. A imprensa tonitroante não está alardeando a recuperação inevitável e saltitante da economia contemporânea. Existe gente – e muitos economistas bons - pensando que as coisas vão ficar longo tempo neste chove pouco e longa parada da molhação. Porque, nada na economia está decidido. Vivemos um tempo de transição. As finanças continuam enganando que estão bem, com abundantes ativos tóxicos na sua contabilidade enganadora. Porém com dinheiro em caixa, um dinheiro recuperado para investir. E o que elas buscam? Tentam outros mercados que não o americano, sondando um tanto na Ásia, voando outro tanto por aqui - a Bolsa brasileira está retornado, crescendo. Mas, a verdade é que se há dinheiro para aplicações, as inovações estão paradas, os mercados não estão dando grandes respostas, salvo é claro os emergentes. Ou seja, temos uma economia financeira no primeiro mundo sem o brilho dos áureos tempos, estamos num tempo de transição. O dinheiro está farejando, como se vê, HongKong, Brasil – e por aí. Só que nada deslancha, nada mantém muito o vigor. A verdade é que não houve uma reorganização da órbita financeira que permita o aumento vertiginoso da especulação e retome o ambiente de euforia. Porque área financeira é dinheiro em ebulição, mas sem área de pouco resultado. Estamos, olhando bem, num ambiente de funeral, salvo nos emergentes, onde a brisa do movimento dos capitais chega a dar algum alento, mas é tiro curto. A pergunta é quase desmoralizante: quanto tempo vai durar essa cócega de recuperação que é o prenuncio da morte dos cemitérios?
A BP É BOMBA RELOGIO
Quanto mais se olha a situação da British Petroleum, mais a gente percebe um caso grave, um desastre do ponto de vista social, empresarial, político e, obviamente ecológico. Esta fulgurante empresa é bem o sinônimo e o exemplo de uma corporação numa sociedade dominada pelas finanças. Pois vejam como é o caso da BP no capitalismo financeiro. Em primeiro lugar, como empresa produtiva ela é um desastre, porque embora produtiva a sua valorização se dá no mercado financeiro. E as suas ações, devido aos problemas no Golfo do México, chegaram a baixar 40%, o que torna esta entidade produtiva frágil e vulnerável. Ou seja, ela pode ser comprada a qualquer momento numa oferta hostil. Só que para se defender, a BP entrou em contato com empresas financeiras, como a Goldman Sachs para desenharem planos de proteção. Ora, a Goldman Sachs não para de estar nas bocas. E a olhar pelo que aconteceu na Grécia, a BP não parece estar em boa companhia.
Neste sentido, a BP vem maculando, diariamente e a meses, a sua imagem, o que reforça a sua vulnerabilidade. Ficar desde 20 de abril com um vazamento de petróleo nos Estados Unidos e afetando fortemente 4 estados americanos, não é para qualquer firma. Embora ela tenha reservado 20 bilhões de dólares para atender aos danos que provocou, há cálculos que chegam a mais de 60 bilhões de multas e indenizações os seus futuros prejuízos. Claro, não imediatamente, mas como efeito dos múltiplos processos que vão lhe afetar, de agora até aos próximos meses. A única vantagem deste desastre é dar oportunidade para Obama relançar o tema da pesquisa energética e da defesa do meio ambiente, apesar de Cameron, o primeiro-ministro britânico, insistir que não se deve demonizar a British Petroleum. A conclusão é só um: conservador tem cara de pau, não tem? E por isso as propostas energéticas e ambientais de Obama vão encontrar um incremento econômico e político como até o momento não tiveram.
Hoje uma empresa produtiva funciona como uma corporação financeira. E a British Petroleum, quem a conhece, alerta para a sua contabilidade, onde dizem existir um festival de ativos podres. O que se de fato ocorrer pode causar não só complicações para a sua estrutura empresarial, como também, por extensão, para o mercado financeiro e para a Inglaterra, sobretudo fundo de pensões. Portanto, fiquemos de olho neste exemplo magistral do capitalismo presente, já que de bancarrota ele igualmente vive.
O mercado financeiro e a questão energética, por mais que evitem, acabam por requerer uma ação vigorosa do Estado, seja no sentido de dar uma função nova para as finanças, seja em planejar a transformação da matriz energética em pauta. O mundo está à espera desta metamorfose. Vai levar tempo, mas vai chegar.
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