CRISE FINANCEIRA MUNDIAL
24 de junho de 2010
COLUNA DAS QUINTAS
O SEGREDO
24 de junho de 2010
COLUNA DAS QUINTAS
O SEGREDO
DAS
PERGUNTAS
Por Enéas de Souza
Uma pergunta vale um mundo. E como vamos voltar a fazer perguntas, vamos abrir vários mundos aos leitores. Estes, por sua vez, poderão continuar a dinâmica do perguntar. E trazer galáxias de mundos e de pensamentos para todos.
VOCÊ PODE GANHAR UM PRÊMIO APETITOSO
A primeira pergunta nossa é uma já conhecida, famosa, inevitável. Mas tem prêmio. Levante a mão e concorra a um manual matematizado do “mainstream” quem acredita que a crise já terminou. Pois, esta pergunta foi feita anteontem em Nova Iorque e em vários lugares dos Estados Unidos e o Finantial Times divulgou o resultado: nem os investidores acreditam que ela já se foi. Desta forma, todos estão partindo, nas nossas perguntas, do zero, como no bolão da Copa. Então, na sequência questionamos: você acha que a natureza desta crise é de curto, de longo ou de curto e longo prazo? Houve uma pressão enorme de bancos, de governos para salientar que a crise era rápida, tipo coelho: “vai ser bom, não foi?”. Na verdade, estamos numa longa jornada dentro da noite. Porque da noite? Porque sabemos que ninguém tem a resposta para as perguntas seguintes: Como se resolve o seu desdobramento? Como se acha a sua solução?
A BRIGA DE CACHORRO GRANDE
Embora o começo da crise tenha sido financeira, como já apontamos aqui, esta crise é financeira e produtiva. Então todo mundo quer saber: se não é financeiro, então, como se vai resolver esta crise econômica? Ela tem um escalonamento de saída? Soluciona primeiro a embrulhada financeira e depois a produtiva? Aliás, é bom indagar no momento: uma melhoria na bolsa, um retorno da sindicalização dos bancos e da securitização dos títulos resolveriam a esfera das finanças? Não fico só por estas searas, prossigo na investigação e indago: as autoridades e os legisladores deixarão de lado as questões da alavancagem? Deixarão de pensar na função do crédito na atual fase do capitalismo? O sistema financeiro funcionará para a produção ou para a especulação? Existe a possibilidade de construir uma nova arquitetura financeira? Pode-se separar os bancos comerciais dos bancos de investimentos? Vai se fazer algum controle dos hedge funds? Como vão ser tratados os grandes bancos, os chamados “to big to fail”? Nunca devemos deixar, no entanto, de reflexionar profundamente sobre o que vai acontecer com o Credit Default Swaps, uma das dinamites do sistema. Um pergunta fatal, em verdade. Contudo, no fundo de todas estas inquietações, ressalta o tema que coloco imediatamente em pauta: qual será o resultado do jogo de forças entre Obama e as finanças. Está claro, este é um jogo de cachorro grande. Olhe o seu termômetro e o seu barômetro econômico e político, e diga sem hesitação: vai terminar como? Pois, embora seja uma luta de quinze assaltos, como as maravilhosas lutas de box de antigamente, não se pode também deixar de questionar sobre a conseqüência desses combates sobre o que está se decidindo por esses dias no Congresso norte-americano: o “Regulatory Finantial Reform”. Que bicho vai dar? Vai dar empate? Ganha quem? Este round vai se decidir por esses dias.
AS MÃOS DADAS DE IGNÁCIO RANGEL E KEYNES
Veja o caro leitor, que o novelo da economia tem muitos aspectos para pensar como quando a gente caminha no sol nestas tardes de inverno. É preciso definir a natureza da crise, é preciso verificar as dimensões dos estragos em todos os níveis das finanças. Por isso, está faltando o questionamento sobre o Estado. O prof. Pedro Almeida traz sempre no debate a questão minskyana do “Big Government”, a sua capacidade financeira de pode atender os requisitos salvacionistas da crise. E à medida que esta avança, numa dança fatídica - a dança da morte como se mostra no célebre quadro de Breughel - o que se percebe é que há dificuldades de controlar os déficits e que as dívidas estatais seguem mantendo-se em alta. Algumas como a Espanha quase que dobraram desde o início da crise. E os Estados Unidos tem igualmente uma crise poderosa. Mas, a diferença é que a dívida americana é uma dívida na sua moeda. É uma dívida com eles mesmos. O que significa uma capacidade política e monetária de resolvê-la satisfatoriamente. Então, o Big Government como diz o meu colega André Scheler talvez seja um “Little Government”. Porque o tema do endividamento do Estado se encaminha na atual conjuntura, da Inglaterra a Grécia, para a questão recessiva. Ou seja, porque o Estado não é “Big Government” infinitamente, a solução da crise é dolorosamente a recessão. E pergunta-se: qual é a solução para esta? Porque o Estado está se sentido impotente? Não pretende alterar a sua estrutura, o seu endividamento, a sua liderança, a sua possível liderança na articulação de investimentos e de planejamento? Mestre Ignácio Rangel dizia que numa crise – acho que já salientamos isto por aqui – um dos lados da economia fica com recursos e outro, sem. Todo o problema é reformular as ligações que levaram ao desastre e unir o setor que tem capital com o setor que falta. Diria o velho Keynes: bota o Estado para aumentar fortemente a Eficiencia Marginal do Capital. Mas, as finanças deixarão o Estado atuarem em benefício da produção?
O QUE PENSAM AS FINANÇAS DO CICLO ECONÔMICO?
1) Falando da economia produtiva. Os financistas têm mostrado que não têm nenhuma idéia sobre ela. Qualquer ativo, já mostrou o antes citado Minsky, não passa de um ativo financeiro, seja ele uma mercadoria, uma moeda ou um título público ou privado. Para eles basta recomeçar a especulação e a sociedade e a produção virão atrás, e o crescimento retomará seus belos e esplêndidos dias. Isto quer dizer que daqui a pouco, o mundo estará novamente em festa e o carrossel dos mercados estará porejando rendas financeiras por todos os lados. Enquanto isso não acontece, eles não compreendem que a economia produtiva é regida pelo longo prazo. É o investimento que altera o destino de uma nação. Não, eles não pensam assim. Eles insistem na necessidade da retomada da especulação; no retorno dos rendimentos financeiros substanciais; na passagem da preferência pela liquidez para decisões de aplicação financeira em papéis diversos; no retorno das altas rendas, pois que de parte delas virão os aumentos dos gastos em consumo. E que, portanto, as finanças continuarão sustentando através deste citado consumo o incremento da demanda efetiva. É deste curto prazo financeiro e de seus resultados que virão os novos investimentos. Finance led growth.
2) Duvido que as finanças e os financistas acreditem na transformação da liderança produtiva pelas novas tecnologias. Não que eles não acreditem nas novas tecnologias. Acreditam sim; mas como motivo especulativo. Talvez não seja por outra razão que se anunciam aplicações financeiras de Soros em tecnologias médicas. Tudo que escrevo serve para enfatizar que uma visão schumpeteriana não passa para as finanças de uma forma poética de ver a metamorfose da economia. Elas não acreditam que as atividades econômicas possam ser reorganizadas e refeitas em função, como diria Carlota Pérez, das tecnologias que se implantaram e que agora estão prontas para tornarem-se maduras. Logo, as finanças só estão interessadas nas tecnologias como novos ativos financeiros. Fora disso, estas só são instaladas para melhorarem a sua infra-estrutura técnica operativa. Elas, as finanças, não têm nenhuma idéia de que a atividade produtiva e econômica seja reformulada por uma lógica cíclica da crise, quando de tempos em tempos, há uma necessária e indispensável transformação da estruturas econômicas e da relação dos elementos desta estrutura. E que toda a reformulação surja a partir de um “cluster” de novas tecnologias e novos produtos.
A questão é: porque as finanças não acreditam no ciclo e nas transformações cíclicas?
PERGUNTAS E MAIS PERGUNTAS
1) E porque não é possível libertar o Estado das amarras das finanças? É o Estado um Prometeu Acorrentado? Porque é que as relações entre as finanças e o Estado são tão incestuosas - como se pode constatar, sobretudo, nos governos europeus, onde a crise das finanças é também uma crise de Estado, e onde a crise do Estado é uma crise das finanças?
2) Não resta dúvida nenhuma que, diante do fracasso do “Big Government” no Ocidente, a solução única para as finanças é jogar as cartas da contração fiscal, da quebra de contrato de salários do setor privado e público, do aumento anti-liberal de impostos, conduzindo a economia para a atividade recessiva. E no fundo da roupa escura da recessão aparecem as nuvens carregadas do espectro não explícito, mas visível, da depressão. Trata-se do processo que envolve uma espiral contracionista das economias e dos Estados. Uma possibilidade desagradável da dinâmica econômica e da política atual. Por isso, a questão é a seguinte: é possível que a miopia do imediato, da curta duração, atrase vertiginosa e vigorosamente a reformulação do longo prazo?
3) Mais outras perguntas. Não é da natureza do capitalismo o desenvolvimento cíclico da economia? De que depende a passagem da fase recessiva do ciclo para a fase de recuperação do novo ciclo econômico? Pode-se dizer que teoricamente a solução do ciclo se dá por dois modos: ou por uma extensa queima de capital, via depresssão, que seja capaz de retomar uma lucratividade brutalmente ascensional ou por uma intervenção do Estado que dirigirá a lucratividade para uma ascensão claramente planejada. Na sua opinião, quais serão as forças que sustentarão estes caminhos? Quanto tempo levará para a reorganização da economia da mundialização? De onde pode vir a reanimação da economia? A economia mundializada entre os Estados Unidos e a China terá uma performance semelhante? O G-20 terá um papel decisivo na governança e coordenação da metamorfose do longo prazo da economia capitalista?
4) Uma pergunta perfurante: o que acontecerá se as finanças continuarem a comandar o processo social, político e econômico do presente?
Por Enéas de Souza
Uma pergunta vale um mundo. E como vamos voltar a fazer perguntas, vamos abrir vários mundos aos leitores. Estes, por sua vez, poderão continuar a dinâmica do perguntar. E trazer galáxias de mundos e de pensamentos para todos.
VOCÊ PODE GANHAR UM PRÊMIO APETITOSO
A primeira pergunta nossa é uma já conhecida, famosa, inevitável. Mas tem prêmio. Levante a mão e concorra a um manual matematizado do “mainstream” quem acredita que a crise já terminou. Pois, esta pergunta foi feita anteontem em Nova Iorque e em vários lugares dos Estados Unidos e o Finantial Times divulgou o resultado: nem os investidores acreditam que ela já se foi. Desta forma, todos estão partindo, nas nossas perguntas, do zero, como no bolão da Copa. Então, na sequência questionamos: você acha que a natureza desta crise é de curto, de longo ou de curto e longo prazo? Houve uma pressão enorme de bancos, de governos para salientar que a crise era rápida, tipo coelho: “vai ser bom, não foi?”. Na verdade, estamos numa longa jornada dentro da noite. Porque da noite? Porque sabemos que ninguém tem a resposta para as perguntas seguintes: Como se resolve o seu desdobramento? Como se acha a sua solução?
A BRIGA DE CACHORRO GRANDE
Embora o começo da crise tenha sido financeira, como já apontamos aqui, esta crise é financeira e produtiva. Então todo mundo quer saber: se não é financeiro, então, como se vai resolver esta crise econômica? Ela tem um escalonamento de saída? Soluciona primeiro a embrulhada financeira e depois a produtiva? Aliás, é bom indagar no momento: uma melhoria na bolsa, um retorno da sindicalização dos bancos e da securitização dos títulos resolveriam a esfera das finanças? Não fico só por estas searas, prossigo na investigação e indago: as autoridades e os legisladores deixarão de lado as questões da alavancagem? Deixarão de pensar na função do crédito na atual fase do capitalismo? O sistema financeiro funcionará para a produção ou para a especulação? Existe a possibilidade de construir uma nova arquitetura financeira? Pode-se separar os bancos comerciais dos bancos de investimentos? Vai se fazer algum controle dos hedge funds? Como vão ser tratados os grandes bancos, os chamados “to big to fail”? Nunca devemos deixar, no entanto, de reflexionar profundamente sobre o que vai acontecer com o Credit Default Swaps, uma das dinamites do sistema. Um pergunta fatal, em verdade. Contudo, no fundo de todas estas inquietações, ressalta o tema que coloco imediatamente em pauta: qual será o resultado do jogo de forças entre Obama e as finanças. Está claro, este é um jogo de cachorro grande. Olhe o seu termômetro e o seu barômetro econômico e político, e diga sem hesitação: vai terminar como? Pois, embora seja uma luta de quinze assaltos, como as maravilhosas lutas de box de antigamente, não se pode também deixar de questionar sobre a conseqüência desses combates sobre o que está se decidindo por esses dias no Congresso norte-americano: o “Regulatory Finantial Reform”. Que bicho vai dar? Vai dar empate? Ganha quem? Este round vai se decidir por esses dias.
AS MÃOS DADAS DE IGNÁCIO RANGEL E KEYNES
Veja o caro leitor, que o novelo da economia tem muitos aspectos para pensar como quando a gente caminha no sol nestas tardes de inverno. É preciso definir a natureza da crise, é preciso verificar as dimensões dos estragos em todos os níveis das finanças. Por isso, está faltando o questionamento sobre o Estado. O prof. Pedro Almeida traz sempre no debate a questão minskyana do “Big Government”, a sua capacidade financeira de pode atender os requisitos salvacionistas da crise. E à medida que esta avança, numa dança fatídica - a dança da morte como se mostra no célebre quadro de Breughel - o que se percebe é que há dificuldades de controlar os déficits e que as dívidas estatais seguem mantendo-se em alta. Algumas como a Espanha quase que dobraram desde o início da crise. E os Estados Unidos tem igualmente uma crise poderosa. Mas, a diferença é que a dívida americana é uma dívida na sua moeda. É uma dívida com eles mesmos. O que significa uma capacidade política e monetária de resolvê-la satisfatoriamente. Então, o Big Government como diz o meu colega André Scheler talvez seja um “Little Government”. Porque o tema do endividamento do Estado se encaminha na atual conjuntura, da Inglaterra a Grécia, para a questão recessiva. Ou seja, porque o Estado não é “Big Government” infinitamente, a solução da crise é dolorosamente a recessão. E pergunta-se: qual é a solução para esta? Porque o Estado está se sentido impotente? Não pretende alterar a sua estrutura, o seu endividamento, a sua liderança, a sua possível liderança na articulação de investimentos e de planejamento? Mestre Ignácio Rangel dizia que numa crise – acho que já salientamos isto por aqui – um dos lados da economia fica com recursos e outro, sem. Todo o problema é reformular as ligações que levaram ao desastre e unir o setor que tem capital com o setor que falta. Diria o velho Keynes: bota o Estado para aumentar fortemente a Eficiencia Marginal do Capital. Mas, as finanças deixarão o Estado atuarem em benefício da produção?
O QUE PENSAM AS FINANÇAS DO CICLO ECONÔMICO?
1) Falando da economia produtiva. Os financistas têm mostrado que não têm nenhuma idéia sobre ela. Qualquer ativo, já mostrou o antes citado Minsky, não passa de um ativo financeiro, seja ele uma mercadoria, uma moeda ou um título público ou privado. Para eles basta recomeçar a especulação e a sociedade e a produção virão atrás, e o crescimento retomará seus belos e esplêndidos dias. Isto quer dizer que daqui a pouco, o mundo estará novamente em festa e o carrossel dos mercados estará porejando rendas financeiras por todos os lados. Enquanto isso não acontece, eles não compreendem que a economia produtiva é regida pelo longo prazo. É o investimento que altera o destino de uma nação. Não, eles não pensam assim. Eles insistem na necessidade da retomada da especulação; no retorno dos rendimentos financeiros substanciais; na passagem da preferência pela liquidez para decisões de aplicação financeira em papéis diversos; no retorno das altas rendas, pois que de parte delas virão os aumentos dos gastos em consumo. E que, portanto, as finanças continuarão sustentando através deste citado consumo o incremento da demanda efetiva. É deste curto prazo financeiro e de seus resultados que virão os novos investimentos. Finance led growth.
2) Duvido que as finanças e os financistas acreditem na transformação da liderança produtiva pelas novas tecnologias. Não que eles não acreditem nas novas tecnologias. Acreditam sim; mas como motivo especulativo. Talvez não seja por outra razão que se anunciam aplicações financeiras de Soros em tecnologias médicas. Tudo que escrevo serve para enfatizar que uma visão schumpeteriana não passa para as finanças de uma forma poética de ver a metamorfose da economia. Elas não acreditam que as atividades econômicas possam ser reorganizadas e refeitas em função, como diria Carlota Pérez, das tecnologias que se implantaram e que agora estão prontas para tornarem-se maduras. Logo, as finanças só estão interessadas nas tecnologias como novos ativos financeiros. Fora disso, estas só são instaladas para melhorarem a sua infra-estrutura técnica operativa. Elas, as finanças, não têm nenhuma idéia de que a atividade produtiva e econômica seja reformulada por uma lógica cíclica da crise, quando de tempos em tempos, há uma necessária e indispensável transformação da estruturas econômicas e da relação dos elementos desta estrutura. E que toda a reformulação surja a partir de um “cluster” de novas tecnologias e novos produtos.
A questão é: porque as finanças não acreditam no ciclo e nas transformações cíclicas?
PERGUNTAS E MAIS PERGUNTAS
1) E porque não é possível libertar o Estado das amarras das finanças? É o Estado um Prometeu Acorrentado? Porque é que as relações entre as finanças e o Estado são tão incestuosas - como se pode constatar, sobretudo, nos governos europeus, onde a crise das finanças é também uma crise de Estado, e onde a crise do Estado é uma crise das finanças?
2) Não resta dúvida nenhuma que, diante do fracasso do “Big Government” no Ocidente, a solução única para as finanças é jogar as cartas da contração fiscal, da quebra de contrato de salários do setor privado e público, do aumento anti-liberal de impostos, conduzindo a economia para a atividade recessiva. E no fundo da roupa escura da recessão aparecem as nuvens carregadas do espectro não explícito, mas visível, da depressão. Trata-se do processo que envolve uma espiral contracionista das economias e dos Estados. Uma possibilidade desagradável da dinâmica econômica e da política atual. Por isso, a questão é a seguinte: é possível que a miopia do imediato, da curta duração, atrase vertiginosa e vigorosamente a reformulação do longo prazo?
3) Mais outras perguntas. Não é da natureza do capitalismo o desenvolvimento cíclico da economia? De que depende a passagem da fase recessiva do ciclo para a fase de recuperação do novo ciclo econômico? Pode-se dizer que teoricamente a solução do ciclo se dá por dois modos: ou por uma extensa queima de capital, via depresssão, que seja capaz de retomar uma lucratividade brutalmente ascensional ou por uma intervenção do Estado que dirigirá a lucratividade para uma ascensão claramente planejada. Na sua opinião, quais serão as forças que sustentarão estes caminhos? Quanto tempo levará para a reorganização da economia da mundialização? De onde pode vir a reanimação da economia? A economia mundializada entre os Estados Unidos e a China terá uma performance semelhante? O G-20 terá um papel decisivo na governança e coordenação da metamorfose do longo prazo da economia capitalista?
4) Uma pergunta perfurante: o que acontecerá se as finanças continuarem a comandar o processo social, político e econômico do presente?
5) Uma pergunta de futuro: a política acabará por se afastar das finanças e descobrir a forma da construção de um novo Estado, que desenhará uma nova geopolítica e uma geoeconomia?
6) Parece que finalmente fica claro que o segredo das perguntas está na formulação das próprias. E deixá-las, depois da sua geração, florescer nas plantações do tempo. Por isso Érico Veríssimo tinha razão quando escrevia: "Olhai os lírios do campo".