sábado, março 28, 2009

Sábado, 28 de março de 2009

ENCONTROS E DESENCONTROS
Por Enéas de Souza


Dá uma olhada na foto

Obama reuniu-se, na Casa Branca, com os banqueiros mais importantes dos Estados Unidos para discutir o Plano de Salvação dos Bancos. Quando essas figuras saíram da reunião e fizeram declarações, sempre vazias e sempre cheias de palavras ocas e vãs, a gente podia ver as caras mais sombrias e soturnas do planeta. Parece que Shakespeare pensava neles quando escreveu: “Words, words, words”. Há uma afirmação fantástica de Dimon do JP Morgan, em outro lugar, quando asseverou ter dito a altos funcionários do governo que parassem de demonizar Wall Street , porque eles estavam “ferindo o nosso país neste ponto”. E foi este mesmo Dimon que declarou na US Chambers of Commerce, da cidade de Washington, que “Quando ouço esta difamação das corporações da América eu realmente não entendo” Pois, o que as pessoas não entendem é como esses caras, que fizeram os negócios financeiros mais absurdos do mundo, que arrogantemente falaram que os bancos sabiam se autoregular, e que depois do imenso desastre que infelicitou a economia financeira e a economia produtiva americana e mundial, ainda acham que tem direito a não ouvir nenhuma crítica.

O demônio e o balão cativo

Pondo os episódios acima em âmbito maior, temos o seguinte: em primeiro lugar, Obama está dando ainda uma chance para os bancos saírem desta crise. Vai ser difícil porque há um buraco enorme nos balanços deles. O André mostrou aqui no Econobrasil uma tabela, na quinta-feira, onde, se ela é verdadeira, pelo menos 80%, de ativos podres, na melhor das hipóteses, ainda estão alojados nesses balanços. Em segundo lugar, embora Obama não tenha falado e Geithner seja contra a nacionalização dos bancos, este é o fantasma institucional que está ameaçando tanto os proprietários de ações como os executivos. Com a nacionalização, com a propriedade passando para o Estado, uma das primeiras medidas será, sem dúvida mudar, os dirigentes dessas entidades. As perguntas são: será que Obama está demonizando os coitados de Wall Street? Será que ele está difamando também as corporações da América?

Disque Um, se...Disque Dois, se...

Então leitor, você acredita que o Plano Geithner vai dar certo? Se os papéis bichados dentro dos bancos vão, segundo Roubini, a 3,6 trilhões, qual será o efeito deste Plano? No mínimo vai significar que é preciso fazer mais um ou dois ou três planos adicionais. Será que o governo, a população, os bancos acreditam que é possível continuar nesse jogo de chove e não molha? Jogo para ganhar tempo. Ganhar tempo para que? A questão continua a mesma: a resistência brutal dos bancos à nacionalização, o que significaria que a atual propriedade teria que mudar de mãos. Já se disse que os bancos são muito grandes para quebrar. Já se disse que os bancos são muito grandes para não quebrar. Mas, ninguém disse que os bancos são muito grandes para serem nacionalizados e depois, mudarem de donos. Qual é, astuto leitor, a sua aposta? Disque um, se você acha que Geithner vai salvar os bancos? E disque dois, se você acredita que os bancos serão nacionalizados?

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