Feriadão no Brasil... mas lá fora a coisa pegando fogo... literalmente, eheeh...
O dólar se desvalorizou fortemente frente ao Yen hoje (-2 % no momento em que escrevo)... não estranhamente, a bolsa caiu fortemente em NYork hj... E mais, algo que não vinha acontecendo, o dólar nessa semna voltou a se desvalorizar frente ao Euro.
Prosseguindo nessa queda, o dólar coloca o Fed em um dilema: cortar os juros e correr o risco de uma desvalorização mais forte da moeda norte-americana que tornariam impossível a continuidade dessa operação de alívio aos combalidos mercados monetários (embora de duvidoso êxito), ou deixar tudo como está? A notar que vários ativos em bolsa estão sendo liquidados no Japão por fundos necessitados de liquidez, em um momento em que a confiança e os empréstimos "secaram"... Mas, sem o dinheiro oriundo do Japão, pode-se esperar fortes quedas nas bolsas de valores norte-americanas, alimentadas que foram por esse afluxo de capitais... Ou seja, o risco de pânico é grande e garantia de eficácia do corte dos juros inexistente...
Por outro lado, não cortar os juros em 18/09 corresponde a desapontar imediatamente àqueles que no dia de hoje, dado o aumento do desemprego nos EUA, clamavam por uma redução de 50 pontos bases na taxa básica de curto prazo já na próxima reunião... Certamente uma decisão nesse sentido colocará o mercado acionário em grandes dificuldades, uma vez que grande parte do seu fôlego tem advindo da esperança de um corte dos juros na próxima reunião do Fed. Embora essa crise não seja oriunda do mercado de ações, sua amplitude somente se tornará palpável às grandes massas na medida em que esse seja atingido mais fortemente, o que INEVITAVELMENTE tende a ocorrer em futuro não tão distante (dou no máximo seis meses, mas pode ser na próxima semana).
Interessante que, faz apenas 45 dias, nada disso era problema ou iria acontecer. A retórica era de que, caso ocorresse, o problema ficaria restrito ao mercado imobiliário dos EUA, mais especificamente ao "pequeno" segmento subprime desse mercado. Em pouquíssimo tempo, a maioria dos analistas minimamente sérios fala de uma "crise de crédito global", e os problemas surgem de todo lado, principalmente na Europa e nos EUA. O principal diz respeito aos instrumentos que interligaram o mercado de commercial papers com o mercado de derivativos de crédito e que tem atemorizado às praça financeiras européia e norte-americana.
E se começam a discutir amplamente as enormes falhas regulatórias do sistema. Tem gente achando que com a regulação da época de Bretton Woods era feliz e não sabia! Só agora descobriram os óbvios "furos"? E as virtudes da "auto-regulação", onde ficaram? Deixar o capitalismo nas mãos dos capitalistas, uma excelente idéia para a destruição TOTAL do sistema (o subversivo Hayek como inimigo mortal do capitalismo, que tal?)! A sorte desse pessoal é que eles são pragmáticos: na hora crise eles se lembram do Keynes e do Minsky... e quando a coisa se aprofundar, vão desenterrar o "velho barbudo", fazer o quê? Querem apostar? Karl Marx, economista do ano... 2009!
Aliás, tem uma artigo emblemático no dia 05/09 na página da Bloomberg: um gestor de fundos acusa "os pobres" pela crise! Segundo ele, "pobre não tem respeito pelos nosso dinheiro"! Afinal, quem mandou os filantropos de W. Street quererem ajudar esse pessoal a comprar casa? Deveriam tomar alguma lição aqui pelo Brasil, farol do capitalismo mundial! Aqui, pobre não tem nem CPF, que dirá empréstimo! E banqueiro brasileiro só empresta "consignado", rs...
No Brasil, ainda nessa semana, teve analista anunciando no jornal Valor Econômico "que a crise já terminou". Vocês escutarão essa profissão de fé várias vezes ao longo do próximo ano... ao menos o tratamento inadequado de nosa mídia à problemas sérios não apresenta nenhuma novidade àqueles que possuem algum espírito crítico. Para quem defende até a existência e a necessidade de "agências reguladoras", as práticas e as fraudes das agências de notação devem parecer o "supra-sumo ideal da modernidade", um exemplo "a ser copiado com urgência", afinal, é por isso que "não merecemos mesmo viver em um país de primeiro mundo". A pergunta sempre volta e a resposta me é impossível: será ignorância ou má-fé? Na falta de convicção, fico com as duas alternativas acima, ehehehe...