quinta-feira, dezembro 30, 2010

ECONOBRASIL em 2011: TUMBLOG, TWITTER e FACEBOOK (Obs: link para o Tumblog corrigido)

Aos amigos que acompanham o EconoBrasil:

Criamos um tumblog (http://www.econobrasil.tumblr.com/ ) para onde migrei as postagens desse nosso blog, que aos poucos deve começar a substituí-lo como plataforma prioritária de postagens para 2011. O Tumblr permite maior agilidade e interatividade do que o Blogspot e, principalmente, a possibilidade de "reblogar" postagens àqueles que seguem o EconoBrasil.  O processo ainda está em caráter experimental em termos de layout e informações, mas está lá para quem quiser dar uma conferida e sugerir elementos (estou aceitando a sugestão para um template, quem quiser colaborar, agradeço). Já existem postagens por lá que não estão sendo reproduzidas aqui, ou seja, vale começar a seguir o blog já na nova plataforma.

Também estamos ativando o Twitter @econobrasil, que já existia desde março , mas estava ali abandonado... Convido a todos para nos seguirem também nessa plataforma, muito dinâmica e bastante interativa.  Em breve estaremos disponibilizando uma página EconoBrasil no Facebook. 

Nosso objetivo com essa ampliação dos espaços de atuação na rede é atingir um número maior de leitores em 2011 e, principalmente, melhorar a interatividade com o público interessado nos temas aqui tratados. Ressalto mais uma vez que essas mudanças ainda estão longe de terem uma forma (principalmente visual) definitva, esperamos ter algo melhor formatado na primeira quinzena de janeiro próximo.

Um Feliz Ano Novo a todos, 2011 promete muito!


André Scherer e Enéas de Souza

terça-feira, dezembro 28, 2010

Brasil eleva imposto de importação de brinquedos; por André Scherer

Mais uma pedra que foi cantada na palestra de 24/11 na FEE... e tinha gente que duvidava do aumento do intervencionismo no Governo Dilma. 

Link relacionado: http://tiny.cc/j4pr2

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Mais sobre as hipóteses de futuro; por André Scherer

Leiam esse artigo publicado no blog Viomundo e notem onde pode desembocar a mudança no capitalismo mundial e a crise da civilização. É uma realidade que ainda pode ser revertida, mas o espaço para isso está se estreitando. O que não significa sua inexistência.

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL: Um novo mundo é inevitável...; por André Scherer

Retomada econômica não ocorrerá calcada na "ordem antiga"; novo sistema será movido a "conhecimento" com foco em recursos humanos
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O mundo atual não é "plano", como insiste a imagem de uma era digital que supostamente aboliu as fronteiras geográficas da economia.


Para o urbanista Richard Florida, o cenário moderno é mais irregular: cheio de "pontas", que concentram a atividade econômica e criativa, e "vales", cuja desigualdade traz ameaças à ordem política global como não se via há mais de um século.

Sem reconhecer essa realidade -e seus perigos-, o planeta vem seguindo um caminho para sair da crise que, para ele, é totalmente errado.

"Há um conceito introjetado de que é preciso ressuscitar a ordem antiga e uma resistência em admitir que essa crise representa seu colapso e o nascimento de um novo capitalismo criativo, movido a conhecimento, que vai exigir novas formas de crescimento e novas instituições sociais e econômicas", diz.

Bom, parece que aos poucos algumas "realidades" há muito preconizadas no EconoBrasil estão se tornando evidentes e começam a ganhar espaço na "grande mídia", como mostra essa matéria da FSP de hoje. Há uma enorme crise do capitalismo mundial e da civilização e isso começa a ser reconhecido. Um "mundo capitalista plano" nunca passou de um utopia em uma cabeça rasa. Claro que essa conversa de "capitalismo movido a conhecimento" é outra grande balela, como se a mudança tecnológica não estivesse desde SEMPRE no centro da acumulação capitalista, mas, traduzindo o que ele quer dizer sem o ranço ideológico-propagandístico, vai haver uma modificação que colocará no centro da ação organizada do Estado capitalista as empresas ligadas às novas tecnologias de informação e de comunicação, que "eles" interpretam como sendo, por si só, intensivas em conhecimento. E é essa a tese que permeia o artigo sobre as "hipóteses de futuro"  escrito pelo Enéas... quanto tempo vai levar para que essa realidade se estabeleça? Depende do tempo que vai levar para que o Estado, especialmente nos EUA, deixe de alocar a imensa maior parte dos recursos da sociedade na preservação dos interesses econômicos de um sistema financeiro falido. A nova rodem capitalista será "melhor" para a maior parte da população do que a velha ordem neoliberal-financeirizada? Não necessariamente, depende em muito da forma como se dará seu nascimento. Mas, essa nova ordem será CAPITALISTA, ou seja, não dá para colocar muita fé em seus traços de justiça social... 

terça-feira, dezembro 14, 2010

Entrevista ao Sul 21, por André Scherer

A mídia, mesmo a não oficial, anda preocupada  com o recrudescimento da inflação. Apesar do título não condizer com o corpo da matéria, acho que a entrevista ficou bem interessante e dá uma ideia do que passa pela cabeça do governo para 2011.

Link relacionado:
http://tinyurl.com/2c7a8b9

Mais sobre o lobby americano de olho no petróleo do pré-sal; por André Scherer

Confiram a excelente matéria da Natália Viana sobre os telegramas relacionados ao "interesse" das petroleiras norte-americanas pelo marco regulatório do pré-sal:

Do CartaCapital WikiLeaks
"A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?". Este é o título de um extenso telegrama enviado pelo consulado americano no Rio de Janeiro a Washington em 2 de dezembro do ano passado.
Como ele, outros cinco telegramas a serem publicados hoje pelo WikiLeaks mostram como a missão americana no Brasil tem acompanhado desde os primeiros rumores até a elaboração das regras para a exploração do pré-sal – e como fazem lobby pelos interesses das petroleiras.

Os documento revelam a insatisfação das pretroleiras com a lei de exploração aprovada pelo Congresso – em especial, com o fato de que a Petrobras será a única operadora – e como elas atuaram fortemente no Senado para mudar a lei.
"Eles são os profissionais e nós somos os amadores", teria afirmado Patrícia Padral, diretora da americana Chevron no Brasil, sobre a lei proposta pelo governo . Segundo ela, o tucano José Serra teria prometido mudar as regras se fosse eleito presidente.
Partilha
Pouco depois das primeiras propostas para a regulação do pré-sal, o consulado do Rio de Janeiro enviou um telegrama confidencial reunindo as impressões de executivos das petroleiras.
O telegrama de 27 de agosto de 2009 mostra que a exclusividade da Petrobras na exploração é vista como um "anátema" pela indústria.
É que, para o pré-sal, o governo brasileiro mudou o sistema de exploração. As exploradoras não terão, como em outros locais, a concessão dos campos de petróleo, sendo "donas" do petróleo por um deteminado tempo. No pré-sal elas terão que seguir um modelo de partilha, entregando pelo menos 30% à União. Além disso, a Petrobras será a operadora exclusiva.
Para a diretora de relações internacionais da Exxon Mobile, Carla Lacerda, a Petrobras terá todo controle sobre a compra de equipamentos, tecnologia e a contratação de pessoal, o que poderia prejudicar os fornecedores americanos.
A diretora de relações governamentais da Chevron, Patrícia Padral, vai mais longe, acusando o governo de fazer uso "político" do modelo.
Outra decisão bastante criticada é a criação da estatal PetroSal para administrar as novas reservas.
Fernando José Cunha, diretor-geral da Petrobras para África, Ásia, e Eurásia, chega a dizer ao representante econômico do consulado que a nova empresa iria acabar minando recursos da Petrobrás. O único fim, para ele, seria político: "O PMDB precisa da sua própria empresa".
Mesmo com tanta reclamação, o telegrama deixa claro que as empresas americanas querem ficar no Brasil para explorar o pré-sal.
Para a Exxon Mobile, o mercado brasileiro é atraente em especial considerando o acesso cada vez mais limitado às reservas no mundo todo.
"As regras sempre podem mudar depois", teria afirmado Patrícia Padral, da Chevron.
Combatendo a lei
Essa mesma a postura teria sido transmitida pelo pré-candidtao do PSDB a presidência José Serra, segundo outro telegrama enviado a Washington em 2 de dezembro de 2009.
O telegrama intitulado "A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?" detalha a estratégia de lobby adotada pela indústria no Congresso.
Uma das maiores preocupações dos americanos era que o modelo favorecesse a competição chinesa, já que a empresa estatal da China, poderia oferecer mais lucros ao governo brasileiro.
Patrícia Padral teria reclamado da apatia da oposição: "O PSDB não apareceu neste debate".
Segundo ela, José Serra se opunha à lei, mas não demonstrava "senso de urgência". "Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", teria dito o pré-candidato.
O jeito, segundo Padral, era se resignar. "Eles são os profissionais e nós somos os amadores", teria dito sobre o assessor da presidência Marco Aurelio Garcia e o secretário de comunicação Franklin Martins, grandes articuladores da legislação.
"Com a indústria resignada com a aprovação da lei na Câmara dos Deputados, a estratégia agora é recrutar novos parceiros para trabalhar no Senado, buscando aprovar emendas essenciais na lei, assim como empurrar a decisão para depois das eleições de outubro", conclui o telegrama do consulado.
Entre os parceiros, o OGX, do empresário Eike Batista, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Confederação Naiconal das Indústrias (CNI).
"Lacerda, da Exxon, disse que a indústria planeja fazer um 'marcação cerrada' no Senado, mas, em todos os casos, a Exxon também iria trabalhar por conta própria para fazer lobby".
Já a Chevron afirmou que o futuro embaixador, Thomas Shannon, poderia ter grande influência nesse debate – e pressionou pela confirmação do seu nome no Congresso americano.
"As empresas vão ter que ser cuidadosas", conclui o documento. "Diversos contatos no Congresso (brasileiro) avaliam que, ao falar mais abertamente sobre o assunto, as empresas de petróleo estrangeiras correm o risco de galvanizar o sentimento nacionalista sobre o tema e prejudicar a sua causa". 

Vale a pena acompanhar o excelente trabalho da Natália em  http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com/ e também no blog http://operamundi.uol.com.br/

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Desmoralizado... finalmente!; por André Scherer

Folha de S.Paulo - Petroleiras foram contra novas regras para pré-sal - 13/12/2010

Petroleiras foram contra novas regras para pré-sal

Segundo telegrama do WikiLeaks, Serra prometeu alterar regras caso vencesse

Assessor do tucano na campanha confirma que candidato era contrário à mudança do marco regulatório do petróleo

JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

"As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.

É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.

"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.

Um dos responsáveis pelo programa de governo de Serra, o economista Geraldo Biasoto confirmou que a proposta do PSDB previa a reedição do modelo passado."

Não é necessário comentar nada, está tudo aí! Temos que notar como o Serra fala "nós" quando está conversando com os representantes estadunidenses. É o caso de colocar aquela camiseta: EU JÁ SABIA!

quinta-feira, dezembro 09, 2010

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL: A nova guerra do ópio; por André Scherer

Em busca de redução de custos, corretoras dos EUA estão "ensinando" jovens chineses a especular na bolsa... É bem possível que tenham conseguido achar a solução para conter o avanço mundial da economia chinesa à médio prazo, hehehe...

Link relacionado:
http://www.nytimes.com/2010/12/10/business/global/10daytrade.html?_r=1&partner=rss&emc=rss

quarta-feira, dezembro 08, 2010

A nova dinâmica do capital financeiro, por Enéas de Souza

Pessoal, o Enéas está em férias, mas aí está para vocês o novo artigo dele, recém-publicado pela FEE. Trata-se de um excelente texto, inspirado na palestra que demos ainda em julho deste ano, já sob impacto do contágio europeu. No artigo, o Enéas explora hipóteses e condições para uma superação da crise mundial. 

Boa leitura.

sábado, dezembro 04, 2010

Hummm... Descobriram que os juros reais não devem aumentar no Governo Dilma; por André Scherer

Pois é, começou a cair a ficha... ao menos para os japoneses do banco Nomura, hehehe (ver último link abaixo do post) Um dia depois do anúncio de medidas que fogem ao cardápio utilizado nos últimos doze anos (frente à possibilidade de elevação da inflação, sobem os juros e, com isso, os gastos do governo e o rendimento dos aplicadores em renda fixa; o câmbio se aprecia e a inflação cai; em detrimento dos exportadores do país; como consequencia o déficit externo se aprofunda e vivemos felizes para sempre) já há vozes alertando para o que realmente isso significa: a determinação do futuro governo em reduzir as taxas reais de juros e em utilizar, para isso, vasto cardápio de intervenções na economia disponível.

Não há determinação "se a taxa de câmbio não valorizar, haverá inflação" - e aqui poderia citar tantas outras -  dado que as possibilidades de política econômica são... infinitas! Isso mesmo, infinitas, quando se entra no campo de intervenções pontuais... e o governo Dilma parece disposto a seguir esse caminho. Por exemplo, as metas de inflação passarão a ser definidas por um índice que exclua a variação dos preços voláteis e sazonais (a chamada core inflation, que orienta a política monetária do FED), muito influenciados pelo ultra-especulativo mercado internacional de commodities, dando um folguinha a mais para a manutenção ou queda dos juros nominais. Era óbvio que o novo governo faria qualquer coisa para derrubar as taxas de juros, as taxas de juros reais elevadas sepultam toda a estratégia neo-desnvolvimentista do governo Dilma (ver http://econobrasil.blogspot.com/2010/12/governo-dilma-ampliacao-do.html ).

Os rentistas que se beneficiaram dos juros reais elevadíssimos nos últimos 30 anos não vão gostar nem um pouquinho da novidade. Vem chumbo grosso por aí, pois agora vai começar a tocar no bolso e é aí que o bicho pega.

Links relacionados:



sexta-feira, dezembro 03, 2010

Governo Dilma: ampliação do intervencionismo para acomodar uma política de crescimento; por André Scherer

No último dia 24 de novembro fizemos um painel sobre economia brasileira bastante interessante no auditório da FEE. Quem lá esteve, me ouviu dizer, entre outras coisas, que há um projeto de unificar a política econômica brasileira sem o contrapeso ortodoxo que representava o Banco Central de Meirelles. E, que para impedir tanto o aumento da inflação quanto um desequilíbrio fatal nas contas externas, o governo lançaria mão tanto do protecionismo seletivo (aumentando as tarifas de importação de alguns produtos) quanto de medidas de intervenção discricionária no mercado de crédito. Isso evitaria uma expansão acelerada do consumo, especialmente de bens duráveis, sem necessidade de elevações abruptas dos juros (ao contrário, os juros reais devem cair no próximo governo, essa é a base da política que se vislumbra). Isso foi dito na FEE como detalhamento ao último slide da palestra.

Dez dias depois, a coisa já está em pleno andamento. O que são as medidas que dificultam a possibilidade de refinanciamento dos saldos de cartões de crédito e a medida de hoje, de limitar o prazo de financiamento dos automóveis, senão medidas de limitação discricionária do crédito? E a medida de elevar o compulsório dos bancos, não se trata de restringir  e encarecer o crédito sem elevar as taxas de juros que o governo paga para rolar a dívida interna?  

Soube antes quem estava na FEE dia 24. E, posso garantir, não era nenhuma informação privilegiada de fontes governamentais ou bola de cristal. Essas medidas são só as primeiras, o andar da carruagem irá exigir muito mais do governo. Vai funcionar? Depende, em grande parte, do cenário externo. Como foi descrito na mesma apresentação.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL
02 de dezembro de 2010
COLUNA DAS QUINTAS


O DOMINÓ EUROPEU
Por Enéas de Souza



Incerteza é uma palavra usada muito pelos economistas. E tudo porque a economia capitalista financeira tem, no seu bojo, um verme que se chama especulação, que atende em certos momentos pelo título de bolha financeira. Ou seja, a bolha é um elemento do sistema que tem uma peculiaridade contundente: a certa altura do panorama, explode. E o pior é que quando ela faz uma lambança, a economia não se conserta assim no mais. É preciso um Estado forte para dar um jeito nesta história. Mas, os Estados não são iguais, uns são robustos, outros nem tanto, e terceiros, sempre levam a pior, porque miúdos e frágeis. E quando se trata de Europa, a diferença entre eles é notável, afetando, sobretudo, os menores, os mais atiçados. Acertou quem apontou Grécia e Irlanda. Mas podem estar certos também aqueles que falaram em Portugal, Espanha e Itália. E até quem indicou a poderosa Inglaterra. Tudo por quê? Porque, as finanças desabaram em crise sistêmica. No caso dos Estados Unidos, não o salvou, como se dizia antigamente, o Rhum Creosotado, salvou-o o FED, o Banco Central americano. Mas, assim mesmo, elas estão convalescentes. E a convalescença é um estado que requer cuidados.

Ora, este estado só ocorreu depois de bons e admiráveis resultados. Era um sistema, centrado em títulos securitizados, uns garantindo outros, ativos podres que ninguém sabia, assegurando bons. Até que puxaram o tapete deles e o vulcão começou a expelir títulos tóxicos, verdadeiras bombas caindo no bolso dos aplicadores, dos investidores e de bancos e instituições financeiras não-bancárias. História conhecida, falada desde 2007. Também é história contada, catalogada e dolorosa, aquela do Estado americano que botou uma grana fabulosa para salvar os bancos. Tudo isso é conhecido. Ou seja, aqui o tempo de perder já deu o seu primeiro e profundo passo. Mas, o perder não foi só para os bancos, raspou também as contas correntes da população. Os trabalhadores formais e informais perderam rendimentos, perderam créditos, perderam casas, perderam empregos. E o Obama, que foi eleito nessa onda, acabou ficando totalmente cercado pelas finanças, pelos republicanos, pelo Congresso, pelos lobbies. Por toda uma fauna da direita, todos liberais, agora profundamente conservadores. Isto que Obama tinha a estratégia certa: salvar os bancos, investir na produção, tratar de resolver as questões energéticas, bloquear as guerras, saindo da mais dura, o Iraque, e chegar para uma mais leve, o Afeganistão. Mas, Obama tem levado uma surra do Tea Party, dos políticos de ambos os partidos e de grande parte da população. Veremos se ele consegue a solução do estilo Lula: “I love this guy!”. E por quê? Porque Lula deu tanto o pulo do gato no primeiro mandato, como o pulo da terceira eleição. Obama tem que ganhar o segundo salto. Será que depois deste cerco, ele vai conseguir o tempo de ganhar?

E os bancos, que receberam grana do Bush e do Obama, querem voltar a ganhar mais grana, só que tanto do governo como do mercado. E jogam difamando Obama. Mas, quem está perdendo são os americanos. Vejam como, geopoliticamente, têm que fazer acordo com Moscou, ensaiam avanços na Otan, tentam atuar no Atlântico Sul, não conseguem convencer o mundo de que a China é a culpada pela crise exportadora americana e pelo fracasso da sua indústria. Mas, o pior, a sua aliada, que Bush desprezava, a Europa, entrou em pane. Tudo porque – e o André Scherer lembrou, outro dia, muito bem – estamos no “Merkel Crash”. A Europa é uma febre. Os Estados da região, de um modo geral, estão endividados e não há possibilidades de salva-los, nem via o Fundo de Estabilidade Européia nem com o FMI. Ontem, conjeturávamos André e eu, a possibilidade da China poder salvar parte da Europa, seja via FMI, seja por outro tipo de solução. O que está se tornando patente é uma corrida de ladeira abaixo dos europeus. A razão é a incapacidade de resolver a insolvência (!) dos Estados, a incapacidade de fazer uma unidade fiscal e uma unidade política (!). Isso que era uma esperança em outros tempos, agora fica cada vez mais impensável. Parece que, claro, os capitais financeiros alemães e franceses ganharam com o processo, à custa dos Estados, da população, à custa dos funcionários públicos, à custa da queda de arrecadação dos países, à custa de acréscimo de endividamentos, que não resultarão em nenhuma melhora para as nações endividadas. Por isso, muitos falam da solução Argentina: não pagar a dívida, romper com o financiamento dos capitais privados estrangeiros. Só que aí tem um problema: a moeda. Enfim, o furúnculo está estourando.

Bela questão, esta, a monetária. O dólar vai se derretendo e o euro, às vésperas da derrapagem. E a China, grande vencedora neste momento, não tem moeda de curso internacional – porque o yuan é uma moeda administrada. Portanto, não é capaz de ser a moeda de troca, capaz de ser medida de valores e, sobretudo, impossível neste momento, de ser moeda de reserva de valor do mundo. Se do ponto de vista produtivo e do ponto vista geopolítico, este é um tempo de ganhos para a China, o mesmo não acontece com a sua moeda. Então, o sol não está a aparecer na crise mundial, a manhã e a aurora não estão à vista, temos dinamites espalhados pelos Estados Unidos e pela Europa. O que não quer dizer que estes artefatos não vão chegar à China, à Índia e ao Brasil. Tudo é uma questão de encadeamento e dos Estados usarem suas portas corta-fogos. O Brasil está tentando como a China valorizar o mercado interno, mas está pensando também em controle de capitais, está pensando em fazer políticas contra-cíclicas – agora que o ciclo no país reaqueceu e a que a inflação pode estar ali na esquina. Então, em 2011, o tempo vai se acelerar.

Olho, em primeiro lugar, no dominó europeu. As finanças estão especulando contra os Estados e querem o seu sangue; elas parecem vampiros açulados, tudo parente do Drácula. Os Estados estão fazendo a coisa mais burra possível, programas de austeridade. Mas é preciso entender: isto é burrice do ponto de vista da nação, das camadas sociais, de uma economia política dos paises, porque uma economia política não se gere como uma economia doméstica. A questão é apenas apetitosa do ponto de vista exclusivo das finanças. Elas estão pensando só no seu ganho, no seu tempo de ganhar. E elas agora já querem agir como queriam fazer com a Argentina – que a política econômica dos Estados europeus em crise seja gerida por comitês de credores, o que significa transformar as receitas estatais em pagamentos de juros. E a população que se vire; quem mandou os seus Estados se endividarem com os bancos e caírem nas notações das agências de ratings? Como se fosse a população que tivessem feito as dívidas e os déficits correntes! É óbvio que foram os políticos gananciosos, corruptos – e muitos pró-finanças – que tomaram essas decisões. Então, o grande perigo do momento é que os investidores queiram antecipar os resultados de suas aplicações, saindo e abandonando os títulos desses países. Ou seja, como resultado dessa feijoada e dessas caipirinhas e das azeitonas malditas, não fica em perigo apenas a Grécia, a Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e a Inglaterra; mas também o euro, e, quem sabe, a Europa, e não apenas a Comunidade Européia. O diabo pode inventar todos os cenários desastrosos possíveis. Trichet, o presidente do Banco Central Europeu, garante que a Irlanda e a Grécia estão solventes, mas o mercado, em dúvida – satanazim astuto, como diria Guimarães Rosa – não acredita. Esperemos, lembrando ainda o romancista brasileiro, que Deus venha ao sertão europeu, armado. Armado de políticas econômicas inventivas, de concepções financeiras saudáveis para todos e, sobretudo, de bom senso, coisa que não é, certamente, a mercadoria mais disponível no mundo.





(p.s. – Entro em férias, volto em 2011. O artigo pode ter um tom de esperança pessimista, mas, para os amigos e leitores, ele se envolve com uma energia ambicionando felicidades. Até lá).

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Sarkozy: Herói da América; por André Scherer

Que esse cara é um imbecil proto-fascista todo mundo sabe faz anos... A fotinho dele com o Bush que ilustra a reportagem do Monde vale mais do que mil vazamentos.E os comentários vazados pelo WikiLeaks comprovam. Segundo os diplomatas estadunidenses, o homem é "visceralmente pró-americano". 

A França decadente sob Sarkozy? Pleonasmo.

Clique aqui para ler a matéria do Monde sobre Sarkozy e o WikiLeaks (em francês).