quinta-feira, agosto 06, 2009

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL: Japanese Style

Cada vez mais parecido... Esse blog sempre privilegiou uma hipótese, que segue sendo apenas isso, uma hipótese, mas que ganha cada vez mais força quanto aos resultados à longo prazo da CRISE FINANCEIRA MUNDIAL: a Europa e os EUA se aproximarão, aos poucos, mas inexoravelmente, de um resultado muito similar ao ocorrido no Japão quando do estouro de sua própria bolha imobiliária, ainda no início dos anos 1990.

E que resultado é esse? Uma longa estagnação, com bancos zumbis incapazes de retomarem qualquer resquício de sua função econômica, enquanto o Estado luta desesperadamente para reativar a economia com injeções massivas de liquidez e pacotes fiscais sem reultado efetivo a não ser um profundo endividamento público. Aos poucos, esse quadro se transformará em crise política (provavelmente mais visível na Europa) e social (com possibilidades de ser mais grave nos EUA). Uma crise do sistema monetário internacional pode precipitar as coisas e, ao mesmo tempo em que aprofundará o quadro depressivo, encurtará a agonia no tempo, pois tornará inveitável a implementação de soluções.

A atual euforia dos mercados financeiros mascara a realidade, mas não cega os mais avisados. Grandes bancos norte-americanos se valem do dinheiro a custo zero injetado pelo FED em troca de títulos podres para especularem mundo à fora, com práticas cada vez mais discutíveis e arriscadas. Ao mesmo tempo, a restrição ao créditopara as empresas de menor porte continua e as ameaças de parte do Estado aos bancos para que "emprestem" proliferam. O Banco da Inglaterra acaba de injetar mais US$ 84 bilhões na economia nessa semana. Tudo isso segue o figurino já visto como desdobramento da crise japonesa. Mas os EUA não são o Japão e a dinâmica de crescimento é, por lá, um imperativo político e social. Os vencedores são sempre poucos, mas eles têm que existir em quantidade suficiente para justificarem o sistema. Sem crescimento, diminui ainda mais a possibilidade, já escassa na última década, de ascensão social. Ao mesmo tempo, o endividamento do Estado tende a colocá-lo como vilão aos olhos do público, em um filme já visto no Brasil na segunda metade da década de 1980... Na Europa, os apelos da burguesia apavorada em busca de uma solução, ainda que autoritária, tornam-se, pouco a pouco, audíveis com maior nitidez e volume. E os trabalhadores não têm proposta, nem participam do debate. Até quando?

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